Meu voto não é evangélico!

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Erra quem pensa que Deus tem orientação político-partidária. Isso quer dizer que não podemos fazer uma opção ideológica? Não! A gente não só pode, como deve, pois alguém alienado a política é manobra fácil de aproveitadores. Entendemos o mundo e o percebemos a partir da construção política. Até quem negue gostar de política, precisa se debruçar para algum lado em algum momento da vida.
E o que é que Deus tem a ver com isso?
Sempre defendo que um Estado não deve ser “cristão” e nem de qualquer religião. O motivo é simples: O papel do Estado nunca será defender ou promover uma determinada igreja ou grupo religioso. Nós, os cristãos, por nossa vez, podemos (e devemos) até exercer e lutar por espaço no debate político, mas temos de fazer isso para que o nome de Cristo seja proclamado e não para ganhar notoriedade. Jamais devemos exercer a política para ganhar expressividade e possuir o maior poder de decisão democrática. Aí, está nosso engano!
Se a política e a ação partidária são ferramentas importantes para a promoção do bem comum numa sociedade, não dá para afirmar que o cristão que assume verdadeiramente a sua fé pode deixar de lado a política. Ela deveria ser para o cristão, um importante instrumento de proclamação na luta pela justiça social e não uma ferramenta para aumentar seu poder.
Os grupos religiosos podem ter o direito de expressão pública ou de recusar ao Estado o controle das decisões da sociedade, pois sem isso estamos falando de uma ditadura. Porém, se pensarmos, à luz da democracia, e pelos mesmos princípios democráticos de direito, não podemos tentar impor uma religião por via do meio político.
Nossa luta é por uma voz expressiva! No entanto, primeiramente temos que lutar para que não se permita que as entidades religiosas apropriem-se do Estado para universalizar, mesmo que por intermédio da legislação civil, seus mecanismos de controle e impor seus princípios e normas doutrinárias. A igreja está cega para isso.
Eu jamais confiaria em um político para representar o evangelho. Meu compromisso é de votar como cidadão, pensando no bem comum, nas implicações sérias para todos, mas também preciso exercer o voto tendo em mente que somos cidadãos da eternidade e habitados por Cristo.
Rumos ideológicos não nos levam para mais perto ou para mais longe de Deus. Deus não é de direita e nem de esquerda!
Precisamos saber que Ele não tem preferências políticas de qualquer espécie, Ele está fora do tempo. Ele não lê Olavo de Carvalho, nem Leon Trotsky. Deus não vota nem em Obama, nem em Chavez. Deus não usa barba, nem terno Armani. Deus não é vermelho, nem é azul. Deus é tão completamente a regência maior desse grande parlamento chamado mundo e nós somos apenas instrumentos politico-sociais.
Para a igreja enquanto instituição, é melhor ficar com a voz profética, denunciando a injustiça, as desigualdades, as diferenças, as iniquidades e para a igreja enquanto pessoas, é preciso repensar numa eficaz participação política que seja responsável por diminuir a soberania da maldade no mundo, aproximando pessoas de Cristo e resgatando a dignidade humana.
Votar portanto, seria desnecessário no Reino de Deus, mas, neste mundo é coisa séria demais e não devemos levar em conta a religião dos candidatos, mas a luta deles por um país menos desigual e mais democrático. Devemos lutar não por um país evangélico, pois isso seria uma tragédia do ponto de vista socio-cultural, mas batalhar por um país que luta pelas pessoas dos quais o evangelho lutou. Política e religião se interligam sim, mas não são dependentes um da outro.
Que nosso voto não seja o do cajado, determinado por pastor, por convenção, por igreja, que não escolhamos um candidato que seja o melhor para nossa instituição ou para nossa religião, mas que seja um melhor representante para que o Brasil seja um país cada vez mais justo percebendo as pessoas mais necessitadas. Exercer a fé é exercer a política do jeito que Jesus exerceria. Uma política que lute para diminuir a opressão das pessoas e não uma política por viéses partidários e religiosos. Lutamos não pela religião, mas pelas pessoas que mais precisam.
Que na hora em que formos escolher os candidatos, não optemos pelo cabresto da religião, mas por aquele que levanta acima de tudo a democracia na luta pelo expressão do Reino de Deus.
Murillo Leal é jornalista , cristão e o pior dos pecadores resgatado por Deus por meio da Sua Graça.
Fonte: http://minhavidacrista.com/especiais/meu-voto-nao-e-evangelico/

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