Estudando o capítulo 8 de Mateus, me deparei com estes versos:
2 E eis que um leproso , tendo-se aproximado , adorou-o , dizendo : Senhor , se quiseres , podes purificar-me . 3 E Jesus , estendendo a mão , tocou-lhe , dizendo : Quero , fica limpo ! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra
Li um comentário destes versos, feito por Alexander Balmain Bruce, um teólogo e clérigo escocês (1831-1899), que em outras palavras dizia que cremos mais no poder milagroso do que no amor milagroso.
Um leproso diz a Jesus “…se quiseres, podes…”, parecendo não ter dúvida sobre o poder de Jesus realizar mas sim sobre o seu querer.
Muitas pessoas vão atrás de Jesus porque sabem que ele pode realizar, e buscam este poder. Pessoas todos os dias procuram saber o que devem fazer para que o poder de Jesus esteja a seu favor.
Jesus respondeu ao leproso simplesmente; “Quero”, ou seja, o amor de Jesus estava ali, ele desejava a purificação daquele homem. Poderíamos imaginar o diálogo:
(Leproso) – Jesus, sei que o Senhor pode me curar, tens todo o poder no céu e na terra, só não sei se o Senhor quer me curar
(Jesus) – Claro que sim, por que não? Eu quero. Porque você acha que eu não desejaria?
Você acha que somos abençoados pelo seu poder? Eu também acho que sim, mas ao mesmo tempo acho que não. Na verdade somos abençoados por que ele nos ama, por que ele deseja. Não é apenas uma questão de poder, é uma questão de querer, é uma questão de amor. O Deus que tem poder para realizar, é o Deus que nos ama. Poder sem amor é um grande risco. Jesus tinha o poder mas aquele leproso foi limpo por que Jesus o amava. O amor conduzia Jesus, e não o seu poder.
Enquanto não compreendermos o amor de Deus e sua graça, não poderemos ter com ele uma relação saudável.
Muitas pessoas estão sendo levadas a procurar o poder sem entender o amor de Deus. Quando procuro pelo poder, e não sei que há amor, tento “cativar” Deus para que me abençoe, busco méritos que me favoreçam e atitudes que “chamem a atenção de Deus”, e isso é um erro gravíssimo. Agindo assim anulo a cruz, anulo a graça e desprezo o amor!
Pastores pregam e pessoas aceitam a idéia de que Deus tem poder e não amor. Por isso aqueles incentivam e estes entram pelo caminho do sacrifício.
Esta é a lei de uma relação míope: sacrifícios geram milagres, ofertas produzem milagres, Deus atende pelo sacrifício. Cante e louve mais que a vitória virá, suba na árvore como Zaqueu e Jesus te abençoará. Ande de joelhos, faça um Jejum, fique em vigília, não assista TV e Deus te recompensará.
Recompensa…que recompensa? O que de bom tem o homem senão o que Deus lhe deu? Quem somos nós pra requerermos recompensa?
Esse tipo de crença tem levado pessoas a buscar poder e não Deus. Buscam o que Deus pode lhes dar e não buscam a Deus. O poder se torna mais importante do que Deus. Busca material travestida de fé espiritual.
Mudemos o diálogo:
(Leroso) – Jesus, sei que o Senhor pode me curar, tens todo o poder no céu e na terra, só não sei se o Senhor quer me curar
(Jesus) – Claro que não. Tenho poder mas não estou nem um pouco a fim de te curar
(Leproso) – E se eu te der um dinheiro, ou fazer um sacrifício, tipo cantar e ficar sem comer…? O que você me diz.?
(Jesus) – Bom, aí a coisa muda de figura…Eu não te amo, não vim ao mundo por amor a ninguém, mas mediante uma oferta dessas podemos começar a conversar…
Este é um diálogo que jamais aconteceria, Jesus não se relaciona com os homens sob o domínio da ganância. Como bem disse meu amigo Ed Rene em nosso congresso TurnOff, não posso me relacionar com Deus da mesma forma que anteriormente me relacionava com os ídolos. Deus não é um ídolo, ele é a Trindade santa, ele é Senhor, Deus de amor.
Nada do que você faz para ser abençoado pode ser mais poderoso do que a graça de Deus que o leva a te abençoar sem que você tenha feito nada.
Nenhum preço pago pelo homem tem mais valor do que o preço pago na cruz.
Não se pode pagar o que foi dado de graça.
Temos um Deus que pode, e segundo o seu querer em amor, sempre cuida de nós, mesmo que não compreendamos seus caminhos, ele nos ama e cuida de nós.
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