LOUVORES NA ESCURIDÃO
LOUVORES NA ESCURIDÃO
_“... onde está Deus, que me fez, que inspira canções de louvor durante a noite” (Jó 35:10)_
Bom dia servos do Senhor. Graça e paz vos sejam multiplicadas. Essa frase de Eliú, um amigo de Jó, desvenda uma solene constatação entre os servos de Deus, pois o próprio Senhor inspira louvores durante a noite, quando é mais fácil cantarmos durante o dia. Aqui *“noite”* tipifica momento de dificuldade, de angústia e de desespero, e *“dia”* tipifica momento de alegria, bonança e quietude. Confessemos... como é mais propício louvarmos a Deus em circunstâncias favoráveis! Dentre os cânticos entoados pelo povo de Deus nas Escrituras Sagradas, vemos uma grande parte deles sendo cantados após conquistas e milagres, vejamos alguns casos desses cânticos durante o *“dia”*: Miriã cantou e dançou, após o povo de Israel atravessar o mar Vermelho com pés enxutos e as águas engolirem os cavalos e os cavaleiros do Egito; a nação de Deus entoou cânticos de louvor a Deus após sair água da rocha em pleno deserto; Débora e Baraque louvaram a Deus depois da impressionante vitória de Israel sobre o exército do rei Jabim; e Zacarias louvou a Deus com um cântico pelo nascimento de seu filho, João. Repare que nesses e em outros episódios vemos as pessoas louvando a Deus com cânticos de ações de graças, adorando ao Senhor, contudo, todos esses casos foram unânimes ao entoarem louvores durante o *“dia”*, quando já houve a resolução dos problemas, a reviravolta dos quadros e a surpresa da manifestação da glória de Deus. O Todo-Poderoso espera de nós coisas melhores, Deus espera que louvemos com cânticos durante a noite fria da adversidade, na geada da perseguição e na escuridão que esconde as nossas amargas lágrimas. Agimos comumente como o servo Jó, que ao passar pelo vale da opressão, disse acerca da sua adoração com cânticos: *“pelo que se tornou a minha harpa em lamentação, e a minha flauta, em voz dos que choram” (Jó 30:31)*, na hora da difícil “noite” em nossas vidas, perdemos o prazer de entoarmos cânticos de ações de graças e de adoração à Cristo, a nossa boca não se enche de palavras de gratidão e nem confessa que aprendeu algo pelo caminho espinhoso, os nossos pulmões não se inflam totalmente para cantarmos com todo fervor pelo fôlego que nos foi dado, e tampouco nossos pés caminham em direção ao Santo dos Santos, pois preferimos nos abdicar de qualquer proximidade com nosso Criador, pelo abatimento e desânimo de nossas almas. É mais cômodo louvar a Deus com cânticos quando a copo está cheio, quando a dispensa está repleta de alimentos, quando a conta bancária está rechonchuda, quando não somos afligidos, quando os ventos sopram apenas ao nosso favor, enfim, quando tudo está bem e caminhando conforme a nossa vontade, logo os cânticos veem à mente e adoramos a Deus, isso é bom, é louvável, digno de aceitação e estamos seguindo a orientação de Tiago: *“Está alguém contente? Cante louvores” (Tg 5:13)*.
Entretanto, as Escrituras também nos ensinam que Deus é Àquele que inspira canções de louvor durante a noite, isto é, o Espírito Santo nos inspira à entoarmos cânticos de louvor a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo durante os momentos mais críticos e mais inesperados. Porventura quando Paulo e Silas chegaram à cidade de Filipos, após pregarem o evangelho de Cristo, não tiveram suas vestes rasgadas, apanharam com varas e foram lançados num cárcere? Alguém questiona que essa realidade era um estado de *“noite”* e não de *“dia”*? Por acaso qualquer pessoa não esperaria uma murmuração sem fim dos dois missionários e um apelo para morrerem, por não suportarem mais tanta dor e humilhação? Porém, *“perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. E, de repente, sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos” (At 16:25-26)*, aleluia, aleluia, como esses dois homens de Deus nos ensinaram algo sublime, louvar a Deus sob um céu azul e um arco-íris é de costume geral, mas louvar a Deus sob uma nuvem negra e uma terrível tempestade em nossas vidas é celestial. Não nos enganemos amados irmãos, somos propensos a ficar mudos e não sermos inspirados a entoar cânticos de adoração a Deus quando estamos num cativeiro ou num vale de ossos secos, todavia, o Senhor espera de nós o mesmo que Paulo e Silas fizeram, que louvemos a Deus durante as *“noites”* mais horripilantes de nossa existência, que nossas línguas não produzam palavras de ofensa ou de questionamento, mas sim melodias de gratidão, reverência e amor a Deus. Que o nosso coração seja transformado a tal ponto que, nos ambientes mais cinzas, encontramos o colorido da presença de Deus, e isso já seja o suficiente para nos inspirar a louvarmos o nosso Redentor com cânticos espirituais e agradáveis. Deus nos dará as canções durante as *“noites”* da nossa longa e árdua estrada pelo evangelho; onde existir esterilidade, morte, desesperança, hipocrisia, falsidade, inveja e todo tipo de mal, também crescerão em elevados decibéis as notas das canções de louvor que subirão ao trono da graça. Ele inspirará cânticos em nossos corações e nos levará à adoração plena com nossos lábios, e por um simples motivo: Deus é o governante do universo, Deus é o sustentador de todas as coisas, Ele é o nosso refúgio, Cristo é a âncora de nossas almas em meio às piores e mais altas ondas de um mar bravio, Cristo é o Alfa e o Ômega e é o Amém, que concorda com a vontade de Deus sobre nossas vidas, sendo esta sempre boa, perfeita e agradável. Que façamos como o profeta Habacuque, que durante uma *“noite”* da sua vida, num momento de grande crise, confessou: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3:17-18). Aleluia! Medite nessa palavra de Deus.
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