Privataria tucana: a República caminha no fio da navalha
21/12/2011 14:54,
Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) convocada na Câmara para apurar os fatos e indicar a punição dos responsáveis pela roubalheira é, hoje, a última linha de defesa da moralidade nacional antes de, segundo o conselho lapidar do saudoso Stanislaw, locupletar-mo-nos todos. A barbárie está lá fora, à espreita, de prontidão para assolar o país caso alguém seja louco de oferecer uma pizza para calar Opinião Pública e as instituições, a exemplo da cabeça coroada que perguntou sobre os brioches, antes de se separar, irremediavelmente, do belo corpinho. Trata-se de uma questão de justiça para com a magistratura brasileira reconhecer que, apesar das falhas, integra um sistema hábil e eficaz. O processo do dito ‘Mensalão’ segue em análise no Supremo Tribunal Federal. Os casos mais comezinhos de corrupção trilham as cortes inferiores e, se ninguém foi preso até agora, agradeçam os réus à qualidade dos profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Que o diga o ex-governador do Distrito Federal, José Inácio Arruda. Os privateiros seguem na mesma direção.
Pesa sobre os ombros dos parlamentares, na CPI da Privataria,
a responsabilidade de passar a limpo esse período enlameado da História
do Brasil. O deputado e delegado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP),
acostumado já às lides deste porte comandou, em boa hora, a reação da
sociedade brasileira diante do pântano de imundícies que marcou a gestão
tucana, durante a ‘Era FHC’, revelado no livro de Amaury Ribeiro Jr.
Trata-se, segundo o autor, de um achaque de bilhões de dólares aos
cofres públicos, o equivalente a ainda mais bilhões de reais retirados
do país com o beneplácito de setores vitais da máquina estatal. Dinheiro
suficiente para comprar votos, burlar a Justiça, patrocinar o escárnio
ao suor sagrado do rosto de cada trabalhador que, feito escravo, paga
pelas mansões cinematográficas dos próceres tucanos.
Não há mais espaço, na democracia brasileira, para
acordos como aquele patrocinado ao raiar da ‘Era Lula’, no caso da CPI
do Banestado, entre a esquerda e a direita, que enterraram juntas, na
cova rasa da mentira, a base de um dos maiores escândalos financeiros da
história nacional. Na época, o recém-empossado presidente Luiz Inácio
Lula da Silva agiu com sabedoria ao perceber que a força do Partido da
Imprensa Golpista (PIG) era de alguns megatons, capaz de levar os
brasileiros a atitudes impensadas das quais, no futuro, iríamos todos
nos arrepender. Os diários conservadores haviam demonstrado seu poderio
ao derrubar, uma década atrás, o presidente da República que o próprio
PIG elegeu. Embora amargassem, sem uma explicação fácil, a derrota do
emplumado tucano José Serra para o operário classificado de
semianalfabeto, pobre e burro, os grandes conglomerados da mídia estavam
mais afiados do que nunca.
Outros tempos
Hoje em dia, apenas para tranquilizar o leitor do Correio do Brasil
preocupado com o cerceamento da informação devido à pequena audiência
dos jornais não alinhados, em um comentário sobre o editorial Uma resposta necessária ao colunista Merval Pereira, o jornalismo levado a sério, como fazemos aqui no CdB,
recebe o apoio dos milhões de leitores que acessam a internet em
quantidade e velocidade cada vez maiores. Arrisco a prever, sem medo de
errar, a vitória da seriedade contra as práticas oblíquas da velha
imprensa, na verdadeira revolução em marcha no campo da Comunicação
Social, aqui e no mundo.
Em pleno verão, a ‘primavera’ brasileira chega no
lombo da internet, a exemplo das rebeliões árabe, norte-americana e
europeia, pela banda larga da cidadania exercida por cada leitor que,
diante do pronunciamento da dignidade e no clamor por uma pátria mais
justa, compartilha, repassa, curte, assina, dissemina, faz a notícia
voar mais alto do que as baterias da imprensa golpista conseguem
atingir. Desde a fundação, há 12 anos, tem sido assim com o Correio do Brasil,
para desespero dos detratores da verdade e da consciência pública.
Estes, sim, ainda que encastelados na cumplicidade com o capital
internacional, têm razões de sobra para tremer. Sentado sobre o butim
achacado do poder público, sob ameaças de retaliação, ou com a venda de
espaços privilegiados em suas páginas aos poderosos, o PIG agora sua
diante da nova realidade que se avizinha, pois “tudo o que é sólido,
desmancha no ar”, já dizia o velho barbudo, ainda no tempo em que sequer
existia computador.
Gilberto de Souza é editor-chefe do Correio do Brasil
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